As chuvas na primeira semana de janeiro ficaram 53% abaixo da média histórica dos últimos 76 anos na região Sudeste/Centro-Oeste e em torno de 50% na região Nordeste, segundo divulgou nesta segunda-feira (7).
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Com isso, os reservatórios da região Sudeste continuam perdendo água e estavam em 44,9% da capacidade máxima de armazenamento no domingo (6), o que representa uma folga de apenas 5,6 pontos percentuais em relação à curva de aversão ao risco (CAR), mecanismo criado pelo governo após o racionamento de 2001/2002 para dar mais segurança à oferta de energia.
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Se os reservatórios continuarem caindo, teoricamente, o governo poderá adotar medidas de emergência para economizar água e energia nas hidrelétricas visando evitar um quadro que leve ao racionamento de energia.
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Fontes do setor admitem, porém, que mesmo que não haja sinais de um novo racionamento nos próximos dois anos, o governo está sem alternativas para ampliar a oferta no curto prazo.
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"Os preços no atacado, por si só, mostram que as opções são pequenas", explicou um especialista. Até porque o ONS está "despachando" (determinando a operação) de todas as térmicas que estão em condições de gerar energia.
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Embora o País disponha de uma capacidade de geração de até 12.000 MW médios de usinas térmicas movidas a gás natural, o ONS não pode lançar mão desses recursos devido à falta do combustível.
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O compromisso da Petrobras é gerar cerca de 3.900 MW médios no primeiro semestre, subindo para 4.700 MW no segundo semestre. Para isso, porém, a empresa terá de contratar gás natural liquefeito (GNL), já que a produção interna e a importação da Bolívia estão abaixo das necessidades do mercado.
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No domingo, o ONS despachou o equivalente a 4.557 MW médios de usinas térmicas (gás natural, carvão, óleo diesel e óleo combustível), o que representa menos de 10% do atual consumo nacional, que oscila em torno de 52.000 MW médios.
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"As térmicas, no Brasil, apenas complementam o suprimento de energia. As hidrelétricas respondem por 90% do consumo nacional e se faltar água não vai dar para improvisar só do lado da oferta", complementou o técnico do setor.
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Além de hidrelétricas e térmicas convencionais, o Pais conta com cerca de 2.000 MW de energia nuclear e uma produção incipiente de usinas eólicas (produção de apenas 33 MW).
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Reservatórios - Tradicionalmente, ocorre recuperação nos reservatórios em janeiro, com o aumento das chuvas. Este ano, porém, os reservatórios do Sudeste estão perdendo água/energia devido à falta de chuvas.
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No final de dezembro as hidrelétricas da região tinham o equivalente a 87.428 MW médios armazenados e no domingo esse montante caiu para 85.236 MW, com redução de 2.192 MW médios em seis dias.
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No Nordeste, os reservatórios estão em 27% da capacidade máxima de armazenamento, com folga de 17 pontos na curva de aversão. O volume armazenado no Nordeste, porém, soma menos de 14.000 MW.
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O ONS aumentou para quase 3.000 MW médios a transferência de energia elétrica do Sudeste para as regiões Norte e Nordeste esta semana, o que está acelerando o esvaziamento dos reservatórios do Sudeste.
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Tradicionalmente há chuvas intensas na região Norte no início do ano, o que permite que o operador transfira energia daquela região para o Nordeste, mas isso não está ocorrendo este ano.
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As chuvas na região Norte estão 64% abaixo da média histórica de longo prazo, o que se caracteriza como um dos períodos mais secos, na região, nas últimas décadas. "Sem chuvas no Norte, o suprimento do Nordeste também é comprometido", complementou um técnico do setor.
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Os especialistas afirmam, porém, que, a curto prazo, não há sinais de que o Brasil vá caminhar para algum tipo de racionamento de energia elétrica ao longo dos próximos dois anos, já que o "período molhado" (de chuvas) no Sudeste perdura até abril.
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"Ainda temos três meses para aguardar chuvas", observa um especialista. "Se as chuvas forem intensas em apenas em um mês e nos locais certos, a situação se estabiliza", complementou.
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Preços
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Com a falta de chuvas, os reservatórios das hidrelétricas estão perdendo água/energia, o que pressiona os preços no atacado. Os preços de referência de energia elétrica no mercado atacadista subiram para R$ 473,30 por MWh para os negócios a serem realizados esta semana, conforme dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
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Esse patamar representa aumento de 91,61% em relação ao vigente na semana passada e são os mais elevados desde o final do racionamento de energia, em junho de 2002.
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Atualmente, cerca de metade de toda a energia consumida pelo setor industrial no Brasil é no mercado livre, que sofre impacto dos preços no atacado.O panorama atual é radicalmente diferente em relação ao observado nos últimos cinco anos, em que houve excesso de chuvas e os reservatórios das hidrelétricas estavam cheios, o que se refletia nos preços no atacado.
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Na primeira semana do ano passado, por exemplo, os preços da CCEE estavam em R$ 28,16 por MWh na região Sudeste e em R$ 17,59 no Nordeste. Em 2006, a situação era ainda mais tranqüila, com os preços estabelecidos em R$ 16,92 por MWh, que é o piso do "preço da água", fixado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
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(Estadão Online)
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